segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Lá e cá



Uma pergunta meio que frequente no meu dia-a-dia. Sou eu uma alma e um corpo carioca ou uma alma baiana em um corpo carioca?
Me divido entre os dois, não renego nem a um e nem a outro. Foi lá que descobri o mundo, que vi pela primeira vez o mar, a luz do sol, uma noite de luar. Foi lá que comecei a andar, a falar, a ter o gosto pela leitura, foi lá que escrevi minha primeira palavra.
Lá, ainda, tive meu primeiro amor. Lá me machuquei, me curei, lá quase fiquei.
Mas o lá foi pausado. Não sigo a cronologia do começo, meio e fim, não deixo minha história no lugar, mas o lugar na minha história. Lá tive meu começo e parte do meu meio, meio esse que continuou aqui, que ainda continua aqui.
Aqui me fiz o que agora sou, me fiz homem, me fiz pensante, me fiz poeta. Amei a tantas, perdi amores, chorei horrores, senti frio, medo e angústias.
Aqui fui ainda criança. Isso já passou, mas ficou marcado. Aqui cresci, estudei, me formei. Para lá algumas vezes voltei, matei a saudade e então retornei.
Lá foi meu berço esplêndido, aqui será minha morada eterna.
Devo a petulância e teimosia de fazer versos, de sentir prazer ao brincar com as palavras a isso tudo que tenho aqui, à meus amores, ao sol, à lua, às estrelas, à elas. À elas, elas que me fizeram parte do que sou e de tudo o que ainda serei.
Às cidades que me acolheram.

Nenhum comentário:

Postar um comentário