domingo, 28 de fevereiro de 2010

Deixe o menino correr

Deixe o menino correr,
não irá tão longe.

Ele quer sentir a liberdade,
o vento no rosto,
seus pés na terra,
tropeçando em si mesmo,
pulando obstáculos,
trilhando seu caminho.

Esse menino só quer saber de correr,
de ir por entre as árvores,
driblar seus opositores imaginários,
que o impedem de chegar ao objetivo.

Deixe ele ir,
esse irá longe,
terá seu rumo traçado.

Mesmo sendo um tanto desajeitado
se fará quase homem.
Quase homem porque se sentirá assim,
mas seu futuro é irrelevante,
seu correr de criança é o que o faz feliz.

Deixe o menino cair,
seus tropeços não o deterão,
sua força não está no seu corpo magro,
está no que o faz tão leve,
está no seu esboço de sorriso após suas quedas,
nas suas lágrimas escondidas por trás dos muros,
sua força é o seu amor pelo mundo
e o amor que o mundo o oferece.

Como corre esse menino,
já deu a hora de voltar
e não mostra seu cansaço,
poderia correr mais,
pela noite toda,
pela vida toda.

Fim do Carnaval

Amanhã,
o mar é mar,
é maré cheia.
É amor de giz,
é flor de laranjeira.

Botão de rosa ou flor de lis,
seus olhos castanhos é o amor.

É verdade a saudade
ou o fim não é fim,
é dor.

E o mar,
o amar
e a mentira?
É a certeza do incerto,
é razão irracional.

Na cama,
no sonho
ou nunca mais.
É a foto na cabeceira,
é o cheiro nas mãos,
é a peça de roupa sob o travesseiro.

Uma viagem para o centro do enigma
ou para dentro de um coração.
É paz,
é tudo, é tudo!

Uma sentença é a redenção,
do coração
ou nada mais.

O sentido rimou o falso com o verbo,
é particípio entre as costelas.

E a salada mais o complemento,
mais o arroz branco,
mais a sobremesa,
ficou bom,
mas o tempero...

E o fim de tarde,
o domingo,
a TV ligada,
os abraços perdidos,
os comerciais de shampoo,
seu corpo com sono,
e seu rosto risonho,
jogados sobre mim.

É o fim do carnaval.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

História de uma menina magrinha

Era uma vez
Uma menina magrinha,
Pequinininha,
Tão sorridente
Que não escondia
Sua falta de dente.

Essa menina era travessa,
Era levada,
Despenteada,
Medrosa
E um tanto carinhosa.

Do escuro ela corria,
Tomava um susto e se tremia.
Menina como essa eu ainda hei de conhecer,
Pois menina como essa ainda irá nascer.

Me atacava ligeiro,
Revirando meus bolsos,
Procurando doces,
Brinquedos,
Dinheiro.

Eita que essa menina me cansa,
Me vence e me derruba,
E ainda se debruça,
Para mais uma dança.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Visão de mundo


Daqui onde estou
Eu vejo o mundo,
Pela lente do fundo
De um copo cheio
E transparente.

Ali onde me deixou
Estava cego,
Dentro do aperto
De seu peito.
Pouco de mim,
Então...
Era feito.