sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Noite de natal

Esta noite não esperarei Papai Noel,
Nem presentes.

Terei comigo uma folha de papel,
E queijos quentes.

amo você

se ao te ver
eu não conseguir falar
pode acreditar
que o que eu quero dizer
é que amo tanto você.

pra quê?

Sopra
Dendê

Só pra
Vender

Cobra
Pra você

Cobra
Pra enriquecer

Obra,
Vê?

Prédios de obra,
Vê?

Só não ver quem não quer
Quem não quer e não sente
O estrago constante
Do salve-se quem puder.

Rimo
Pra quê?

Sinto
O quê?

Amo
Quem tem

Amor pra
Me dar

Amo
Quem tem

Olhos
A me admirar

Amo
Quem tem

Suor
E deleite.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Receita

1 pitada de sal

normal

1/2 colher de bicabornato de sódio

ódio

quase nada dessas receitas eu tenho em casa.

untar uma assadeira de vidro

polvilhar pimenta do reino

desfiar 200g de carne

...


nem sei porque perco meu tempo anotando

se nem carne eu como

e o forno não funciona.

O que há do lado de fora da janela

Da janela de minha casa não há vista valorizada,
Não há mar
Nem montanha,
Não há vale
Ou avenida.

Há apenas silêncio
E pouca vida.
As janelas que vejo
Estão em sua maioria fechadas.
Algumas espremem cabeças,
Umas que fumas
E outras que só olham o nada.
Se erro
Espero
E é certo
Que o pecado primeiro
De Adão e Eva
De nada influenciou
Meu contato primeiro
De cheiro de verde
De farsa
De erva.

Se meus olhos cansados
Pendem sobre a face
Rezo aos Deuses
Que me mantenham acordado
O máximo possível
Enquanto a olho dormir.

E o sono de algodão doce
Vem doce,
Doce vem seu beijo
Em meio a um boa noite

E no beijo os olhos se fecham
E finalmente dormem
Sonhando meio sem dormir
Num beijo de noite toda
Com os corpos inativos de existir.

Esta, e mais qualquer uma, noite

Um avião passa tão perto
Que a televisão perde o foco
E o que vejo é interferência

É uma noite calma,
Já passa da 1 da manhã
E não vejo o sono vir

A luz da sala acesa
Iluminando meu poema
E a motocicleta que viajo junto ao filme que não vejo

Esquenta meu corpo
Recém saído do banho
Às pressas para não perder uns versos soltos sobre um possível sonho.

Eu-poesia

Dos estilos literários
O romance é o que menos me convém.
Mas não generalizo,
Existem alguns que me enchem os olhos
E me prendem as mãos
Me envolvendo em suas páginas.

O que realmente me atrai é a poesia,
Os versos soltos,
As rimas prontas,
O ofício dos grandes
Ao qual me meto fracamente
Como mero aprendiz
E admirador.

Na poesia me vejo nu,
Criança solta num campo verde
A correr por entre o vento
Com o prazer desse momento
Sendo transformado pelo processo lento
De poetizar através do tempo.

Por mim, por Gullar

Não sei se alguma estrela morre,
Não sei que horas são,
Nem sei o que faço agora
Ou se me bate um coração.
O domingo está frio,
O sofá vazio,
O copo, porém, está cheio
E quente,
Com a bebida que corre por minhas veias
Turvando minhas vistas
Me deixando promiscuamente libidinoso
Desmaiado sobre a cama

Queria ter, como o mestre, todos os sentimentos do mundo,
Desesperadamente fugitivo do dia-a-dia,
E sonhar com um futuro
O qual destino já havia decidido
Que não viria

Pretenciosamente queria poder ter em mim todas as sensações possíveis.
Meu coração estava cheio de amor,
Mas não era suficiente,
Queria mais,
Queria ser capaz de sofrer,
E sofri.

Com as janelas fechadas
E o suor escorrendo
Eu fujo.
Enfim liberto
Os olhos se fecham
Os lábios secam
E eu durmo.

Lábios metálicos

Meus rosto furado
Em pontadas
De agulhas
Imaginárias

que incomodam meu sono
Entrecortados
Nos versos perdidos
Dessa noite, que me propicia,
Os mais íntimos desejos
Que te escondo,

De querer te beijar
Uma noite inteira
Até o sol raiar,
Até nascer em você
Um nascer que me despertará
Um desejo de querer
Os seus lábios metálicos
Metódicos em te amar.

A capa da revista

Absolutamente
Com a certeza
Que inexoravelmente
A beleza
Da capa da revista que nos mente
É processo de um complexo de avareza
De corpos eternamente adolescentes.
Não há nada que não
Entregue o
Meu carinho

Entendo, pelo menos, que
Por quem passa
Minhas mãos,

Se entrega à carícias
Podendo vir a trazer
Prazer e suspiro baixinho.

Não

Não me olhe assim
Pois posso não resistir aos impulsos
E agarrar-te rapidamente
Sem ao menos pensar
Nas consequências de meus atos.

Não me toque desse jeito
Pois me ferve o sangue
E borbulam meus olhos
Me desfazendo da sintaxe
Que se esvai em fumaça.

Não me dirija a palavra
Pois sua voz
Em minha mente ecoa
Em ruídos que despertam
Uma sensação tão boa
Me apertando o peito
E me secando a boca.

Visão de um homem ao pé de um viaduto

Estava cansado
A cabeça pendia na janela do ônibus
Não sei se o que eu via
Era real ou era sonho,
Mas qualquer que o fosse
Era triste
E medonho.

Do meu lado

Procuro você do meu lado,
Seu corpo largado
Deitado adormecido,
No pouco espaço
Apertado, de uma cama de solteiro.

Centro

Em passos largos
E demorados,
Ele caminha calmo
Pelo centro da cidade.

É um homem branco,
Pés descalços
Já calejados da caminhada diária atrás da vida,
Tentando agarrá-la com as maõs duras
E frias,
De quem todas as noites soca o mundo
Fazendo-o sangrar!

Sorri à toa,
Como se estivesse em outro lugar,
E realmente está.

Sua mente ficou ruas atrás
Em uma lata de refrigerante.

Musa

Musa das mais belas trovas,
Romanescas.
Donzela das mil e uma noites,
Vampiresca
Sugando todo o sangue
Que me ferve a veia
No calor de uns batuqes de carnaval.

Descompassado o meu coração
Apressado, já normal,
Sempre que a tenho em pensamento,
Se entrega
E sangra,
Atacado por suas unhas
Cravadas em meu corpo
Em delírios loucos,
No mesmo instante que seus lábios
Tocam os meus.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Populi

Pedra dura
Que fura
O ferro
Que fere
O rato
Do rei.