terça-feira, 26 de julho de 2011

Poesia que não é poesia

Cuidado para não se perder
entre os versos
sinuosos
de meus poemas
pouco talentosos.

Não são tantos
os versos.
Quebro-os!
Parto-os no meio;
parto o sentido real
e deixo por conta
de quem ler
buscar
o irreal.

São centenas de pedaços
cortados
de palavras
desencontradas.

São nuances oblíquas
sem qualquer tentativa
de ser poesia.

Abstração

veneno de rato
tremendo barato

sofrido
polido,
sentido
por quem?

fiz chorar quem não podia
(suas lágrimas afogam-me em um mar sem fim)

o dia poderia
não nascer amanhã;
que bom isso seria!

todo o dia seria noite,
sem estrelas
e sem lua;
escuridão total.
Abstração
do real.

domingo, 24 de julho de 2011

Tiro no morro ou o fim do samba

o samba acabou
e ainda não amanheceu,
do fundo da birosca
vem o velho Barbosa
perguntando "o que aconteceu?"

deu foi tiro no morro,
foi um corre de louco;
gente pra todo lado
o povo amedrontado
um com medo do outro

quarta-feira, 20 de julho de 2011

o poeta morreu


o poeta morreu
                       com um tiro na cabeça.
o que havia dentro dela
                                   esvaiu-se com o vento.
a poesia dissipou-se
                              em palavras soltas,
                                fúnebres
                                perdidas no tempo.