quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Sobre o sexo


Com a lasciva voracidade que me consome
perco as palavras,
perco as pernas,
perco os pronomes;
perco os sentidos
e toda a minha noção,
quando sou ensurdecido
por seus gritos e gemidos
e tenho seu corpo estendido
sobre a cama,
num suplico pedido
de meu corpo
sobre o seu.

Sou eu


Nunca fui um astro dos esportes,
nem servi ao exército,
mas meio sem nexo
fui levando a vida.
Não sou dos mais bonitos,
nem dos mais espertos;
não me compartilho,
nem me redimo
em prol dos meus deveres.

Contemplo o lento passar
do tempo.

Sou cheio de clichês baratos,
e mato.

Sou quem olha pela janela
e nada vê.

Não me espanto com a noite escura,
na verdade acho uma verdadeira tortura
ter alguma luz em mim depois que deitei.

Sou eu, assim, só.

domingo, 6 de novembro de 2011

Vida


Embaraço minhas pernas
pelas suas,
atando um nó que não separe,
-qualquer que seja a parte-,
minha vida da sua.

Guardo em pequenas caixas na memória
todos os sorrisos que me deu,
todas as lágrimas que verteu,
todas as vezes que olhei
dentro dos olhos seus
e pude ver
o meu futuro,
a minha vida
com você.

Domingo-noite


É domingo
e a noite veio
nas asas de um passarinho.
Sem nenhum clichê,
chegou devagar,
nem bateu a porta
e já quis entrar,
escurecendo os cantos,
esfriando os panos.
Veio pra ficar.


E?

E se eu ficar parado enquanto o tempo passa?
E se eu não me mexer
e esperar o mundo
perder a graça?
E se a noite não vier
e eu então ficar
sob o sol,
sem nenhuma cachaça
pra me embriagar,
pra me tontear,
pra me fazer feliz?