quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Aos amigos e amores

Caros amigos,
Venho por meio deste
Atestar a minha loucura.
Perdi a noção da verdade,
Do que é o certo,
Do que é o mundo
E minha realidade.

Hoje me encontrei sorrindo
Coberto de frio,
Sem roupa alguma
Sob minha cama empoeirada,
Cantando canções inventadas
Na própria madrugada.

Cortei os pulsos
E continuei a cantar.
Ah! Como era linda a ópera que fiz!
Tão dramática.
Com certeza arrancou lágrimas
Da minha platéia imaginária.

Todos os meus amores estavam na primeira fila.
Todos eles!
Assistindo de camarote minha destruição,
Sentiam o gosto do meu sangue,
Que misturava-se às lágrimas furtivas
Delas que não agüentavam me ver daquele jeito
E despiam-se como uma última tentativa de me salvar,
Com seus corpos expostos
E mãos sobre mim
Sobrepostas às línguas
Que me arrancavam o gozo.
Como era lindo...
E sujo, tal ato!
Entreguei meu corpo e minha vida
A elas que devoravam cada pedaço meu,
Moribundo,
Estirado e estraçalhado,
Louco!
Sim, louco, meus deuses!
Como pude sucumbir à loucura?
E é tão bela,
Tão deliciosa loucura pecaminosa.

Tão entregue eu já estou,
Mas ainda me lembro de agradecer
A todas elas,
Por terem me mostrado o amor.
E antes que me esqueça,
Foi com um tiro na cabeça
Que minha mente se calou.

Um comentário:

  1. Ainda não consegui encher a casa com minhas performances imaginárias. Devo dizer que o dono do espaço já tá ficando chateado com o prejuízo

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