quarta-feira, 5 de maio de 2010

O cego

Dias atrás pelo centro
Eu vi um cego com traços cênicos.
Ele gritava coisas
Sobre o fim do mundo
E sobre o fim dos tempos.

Poucos ali o observavam,
Alguns parados
Com os olhos vidrados,
Prestando atenção
Em cada palavra
Que o cego gritava
Em seu desespero particular,
De olhos fechados
Com a boca trêmula
E as mãos que voavam por todos os lados.

O cego clamava para que o ouvissem,
Havia que simplesmente respondesse “não”.
Mas outros ali ficavam
Admirados e com dinheiro na mão.

Dinheiro que jogavam no chapéu do cego
Que ao ouvir o barulho de tanta moeda
Agradeceu em reverência,
Àqueles que o cercavam com veemência.

O cego era um poeta,
Anunciando a morte do mundo,
Em um dia de outono.
Sobre as folhas secas
Ao amanhecer.
Quando a Natureza comandará
Com sua revolta
O ataque final,
Tomando de volta
O que é seu.

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