sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Identidade

Estou morta!
O meu corpo não me pertence mais,
O perdi para a indústria.
Perdi minha alma,
Perdi minha calma,
Agora estou nua.
Estou como nasci,
Crua.
Minha pele já não é mais pele,
É farsa.
Minha pele é tecido,
É pano,
É animal.
Minha cor já não é a minha,
É a que me dizem ser,
Minha cor não tem cor,
Sou preto e branco
Sou vazio.
Busco em tudo o eu,
Busco em tudo algo que posso ser.
Busco a melhor forma de ser,
Mas não sou.
Finjo ser o que não sou.
Começo a esquecer a minha verdade,
A deixar para trás a minha identidade,
Já não sou mais a mesma.
Os meus olhos já não agüentam mais...
E pesam
E caem
E fecham
E não mais abrem.
Aproveito a minha morte para renascer,
Agora posso ser o que eu sou de verdade,
Ter a autenticidade que não pode ser roubada.
Sou mulher,
Sou forte,
Sou bela a minha maneira.
Não trarei beleza pelos cortes,
Não serei escrava,
Sou livre pra ser
E serei...
Livre.

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