sábado, 23 de janeiro de 2010

Último sopro de vela















Falta luz,
a sombra dos corpos que passam,
dançam nas paredes escuras
e a chama das velas que queimam,
iluminam o ambiente pequeno.

Pouco posso ver,
daqui onde estou, claramente vejo o fogão,
a geladeira e um rato que caminha calmamente
por sobre uma prateleira.

A casa está vazia,
aqui, apenas eu, sozinho,
deitado na cama do andar de baixo
observando o espetáculo soturno,
de um suspense horripilante.

Um silêncio repentino invade a rua,
os homens que tocavam samba foram embora,
os cachorros devem estar escondidos amedrontados,
ouço apenas um pingar de gotas na pia no banheiro.

Sinto o fim daquela vela,
em poucos minutos irá sucumbir a nada mais que um monte de cera.
Quero ver tal cena,
a última gota de cera derretida escorrerá,
um sopro de vento fino apagará a chama,
liberando sua fumaça negra,
libertando aquele último suspiro quente.

Não consigo chegar até tal momento,
durmo por cima dos braços,
durmo poucos minutos,
o suficiente para perder a esperada cena,
quando acordo,
a vela já está apagada
e a luz acesa novamente.

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