sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Representação

Sob o céu de lua nova,

A idéia do ser e do estar,

Num mundo que muito me exclui,

Volta a ser o que me possui.

Com a música longe como plano de fundo,

E o ranger da porta que se mexe,

E o som do cadeado que se tranca

No portão que se fecha,

Questiono qual o meu papel nessa encenação.

Em todos os momentos represento.

Sou o cara mau,

O carinhoso,

O louco,

O destemido,

O depressivo.

Do que vale essas representações?

Sou muito pequeno frente à imensidão do imaginável.

Disso não tenho medo, respeito o universo.

O que me receia é o inimaginável.

Sou eu um produto,

Um cego surdo e mudo.

Sou só um meio para um fim!

O ponto final,

O último suspiro.

Desejo ser a morte,

Ter o poder da vida!

Desejo eu ser Deus?

Ser morto nas línguas alheias,

Ser objeto de cegueira,

Ser irrefutável,

Desejo ser onipresente, onipotente e onisciente!

Desejo o que todos desejam,

Sou eu mais um apenas.

Meus pensamentos não diferem do da maioria,

Não peso na balança.

Não é para mim que o sol brilha,

Não é para mim que nasce o dia.

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