quarta-feira, 7 de abril de 2010

Confissões de um bêbado antes de acender um cigarro

Hoje é o melhor dia de minha vida!
Sim, o melhor.
Nunca houve dia como esse,
Veja só como esse sol brilha,
Olhe aquelas crianças,
Como correm!

Daqui vejo tudo,
Desse mesmo degrau já vi muito acontecer.
Estava aqui bem antes desses degraus,
Antes desses pedantes que teimam em me tirar daqui,
Antes dessas crianças,
Antes dos pais dessas crianças serem crianças.
Estou aqui desde sempre.

Na minha boa época vivi aqui coisas boas,
Dos melhores uísques eu bebi,
Hoje esse álcool com açucar me satisfaz.

Confesso que não sou feliz com o que me tornei,
Olhe meus amigos,
Poucos deles restaram,
Conto nos dedos os que daqui saíram e não voltaram,
Esses não são mais amigos,
Eles não me conhecem mais
E não contesto esse fingimento.

Ah! Meu caro,
Aqui vejo a tristeza do mundo,
O mundo é triste pela madrugada,
Junto com a luz do sol,
Vai-se a tristeza
E fica o receio,
Os olhares assustados a qualquer passo mais apressado,
Aqui, a vida não tem rumo,
Não tem destino,
Não tem dono!

Deus esqueceu-se da noite,
Nossa vida não é mais nossa,
É de quem quiser tirá-la a qualquer momento,
A minha vida há muito que perdi,
Ou a troquei por qualquer centavo que me enchesse o pensamento.

É meu amigo,
A beleza aqui não é bem-vinda,
Continue escrevendo suas linhas sobre coisas que não existem,
Enquanto o dia finda.
Lá vem a escuridão,
Com ela o cavaleiro sem coração,
Um santo!
Não daquele que mata dragão,
Mas o que rouba alma,
Em cada noite calma de verão,
"Limpando" a rua da nossa poluição.

É hora de ir embora meu caro,
Acenderei o meu cigarro
E enquanto fumo
Não sou muito de papo,
Então sigo o seu rumo,
Até sua cama em seu quarto
E veja no dicionário do seu computador,
O que significa a vida.

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