quarta-feira, 10 de março de 2010

Manhã-noite

Acordei com pingos na testa,
Chovia como nunca lá fora.
Os pingos eram coordenados,
“Um, dois, três, pingo”. Pensava.

Era uma manhã como noite,
Com nuvens da noite,
E o silêncio da noite.
Ouvia os passos molhados de quem passava,
Lembrava que hoje não sairia de casa
E agradecia.

Fiquei levando pingos na testa por bastante tempo,
Não me incomodava com eles,
Secava o rosto a cada um e esperava o próximo.
“Um, dois, três, pingo”. Ainda pensava.

Devagar a chuva foi parando,
Os pingos não estavam mais no ritmo,
Agora bailavam com suas próprias vontades,
Ora chegando até minha testa,
Ora se perdendo pelo caminho.

Esquentava.

A manhã-noite dava suas caras de dia,
O céu se abriu em alguns pontos.
Já passavam das onze horas
E o sol apontava como se estivesse acabando de nascer.

O lençol se perdeu,
O suor escorreu
Pelo pescoço até o peito nu.
Engraçado como o calor em poucos minutos leva todo o frio que aqui estava e todas as rajadas de vento que aqui passavam.

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